sábado, 23 de fevereiro de 2013

Carta à Mariana Alcoforado



“ Agora vemos em espelho de maneira confusa, mas, depois veremos face a face.”
São Paulo (C. 10-67)

Cara Mariana, resolvi lhe escrever esta carta de desculpas pelas ofensas que expressei a sua pessoa ao ler pela primeira vez suas cartas ao Sr. C, ao relê-las percebi o quanto fui injusta e má com relação aos seus sentimentos, sei que nunca obterei resposta sua ao meu pedido, essa carta é mais uma foma de tentar compreender você através das suas palavras, ora de amor, ora de ódio, ora de dor.
Primeiro quero justificar o motivo de meu pedido de desculpas, ao tornar a ler suas cartas percebi que meus sentimentos com respeitos a elas mudaram bastante desde a primeira leitura, antes tinha raiva de você hoje não sei bem como me sentir com relação as suas cartas e a sua pessoa, realmente tive muita raiva, mas essa já se dissipou a menos de 24 horas, talvez no decorrer dessa carta você compreenda o por quê, já que ela servirá também como um reflexão explicativa.
Não compreendi os motivos de você não ter parado de escrever logo depois da primeira carta, eu não teria me exposto tanto e é dessa sua expossição que mais tenho raiva, ninguém deveria abrir seus sentimentos com tanto afinco como você fez, mesmo amando intensamente (como você parecia está). É uma pena não termos como saber as respostas do senhor C., assim teriamos como analisar os dois lados da moeda, mas é daí que vem o mistério que envolve sua história de amor. Talvez você se pergunte por que meu pensamento sobre você e suas cartas mudaram, porém ainda não sei o verdadeiro motivo, fiquei conversando com meus botões e nada foi descoberto apenas mudei e sou honesta em confessar minha mudança, imaginei se tivesse lido suas cartas quando estava na adolescência, época que me apaixonava até por uma folha que caísse de uma árvore em minha frente, época qual eu não era tão racionalista, talvez tivesse chorado e me comparado a você em sua dor, ódio, amor e principalmente ansiedade por respostas, pode ser isso, pode ser pela agonia da ansiedade que eu tenha mudado meus pensamentos e resolvido lhe escrever, mesmo sabendo que talvez você não tenha existido, mas como tudo começou com cartas, por que não escreve uma para a mulher que suas cartas se tornaram uma obra literária estudada em todo mundo.
Mariana será que o que você sentia pelo senhor C. era amor ou desejo? Ou os dois? Para mim você tinha uma concepção dualista pelo senhor C. você o amava e o desejava, mas qual desses dois sentimentos falava mais forte? Antes eu tinha certeza que era apenas desejo lhe via como uma mulher reclusa que teve uma noite de prazer com um homem e não conseguiu desapegá-se dele e do prazer que ele lhe deu (é apenas minha opinião ao ler suas cartas pela segunda vez, quem sabe daqui há alguns anos quando eu torna a lê-las eu tenha outra opinião), voltando a minha percepção atual, você o amava pelo menos você diz isso, é claro que o desejo existiu, porém mesmo com a distância e com o “desinteresse” aparente do senhor C. você continuou a escrever com a mesma intensidade as outras cartas mesmos essas não contendo os mesmos sentimentos da primeira, você foi perceverante de seus sentimentos, persistente na busca de uma resposta que lhe agradasse, sim, isso mesmo, lhe agradasse, por que mesmo obtendo resposta elas não pareciam ser suficientes para apaziguar suas dúvidas, sofrimento e ansiedade, e nem para apagar o fogo de sua paixão mesmo com toda a demora das cartas resposta.
Dizem que você amou o senhor C. até seu último suspiro, mas isso pode ser obra ilusória criada pelos seus fãs que ao longo dos séculos a transformaram em uma heróina forjada pelo impulso da exposição de sua paixão através de suas palavras. Seu amor mergulhou no Eros o que levou a sua felicidade e a tristeza e a sentimentos tão puros e intensos.

“ Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor Jamais passará.” São Paulo (C. 10-67)

Se levarmos em consideração essa passagem da biblia, podemos afirmar que você amou verdadeiramente o senhor C., você o desculpou, você acreditou que o amor de vocês era forte o bastante para resistir a todos obstáculos que a vida colocou em sua frente, você esperou pacientemente e ansiosamente por uma solução, você suportou a solidão de amar sozinha (para mim só houve paixão e amor da sua parte), a dor, e a indiferença que como você mesma diz que ele expressou em “cartas frias, cheias de banalidades e com metade do papel em branco” mostram que você percebeu que o senhor C. não com,partilhava dos mesmos sentimentos que você.
O que posso dizer sobre o senhor dos seus pensamentos o dono dos seus sentimentos mais intensos, eu particurlamente acho que o senhor C. não deu a menor importância ao que você sentia por ele, é triste, eu sei, pensar assim e julgar alguém a quem não conheci, mas essa carta é uma análise e reflexão, então posso dizer-te o que penso, os sentimentos do senhor C. com relação a você Mariana (ainda em minha sincera opinião) eram de dúvidas (se é que dúvida é sentimento) ele deve ter tido seus motivos, ele deveria ter sido mais direto em suas cartas (quem sabe ele foi e você em seu desepero de paixão não quis aceitar isso). Digo que o sentimento era de dúvidas por que a prova de que existia um sentimento desconhecido, são suas cartas, que de alguma forma restaram como registro do seu imenso amor pelo senhor C. (levando em cosideração aqui sua existência e do senhor C.) alguém deve ter guardado as cartas e as considerado importantes, mas também alguém pode não ter tido consideração nenhuma com você nem com seus sentimento ao resolver publicar e levar ao público o conhecimento do seu amor proibido e do sofrimento causado por ele, mas ainda bem que alguém fez alguma coisa a respeito de suas cartas ou não teriamos conhecimento das mesma (as pessoas gostam de saber o que se passa na vida dos outros ter conhecimento do que os outros pessam se tornou algo corriqueiro nesse século, no seu não devia ser muito diferente), acho que você se odiaria ao descobrir a que fim foi dado as cartas que você dedicou tão intensamente ao homem que amou.

“Agora, portanto, permanecem fé, esperança, amor, estas três coisas. A maior delas, porém é o amor.” São Paulo (C. 10-67)

O amor foi a única coisa que lhe restou, vou continuar com meus achimos, acho que você teve muita esperança, e você morava em um lugar que inspirava fé, quero acreditar que você teve fé principalmente de que todo o sofrimento causado por esse amor um dia se dissipasse, mas de uma coisa tenho absoluta certeza você amou.
Mariana, gostaria muito de que outras cartas suas aparecessem e que nelas constasse que você o esqueceu e foi feliz apesar de tudo, que casou, teve filhos ou simplesmente passou seus dias felizes sentada em uma cadeira de balanço olhando para o mar, porém é algo improvável de acontecer, agradeço que você ou qualquer outro alguém tenha escrito essas cartas, minha carta é endereçada a você pelo simples fato de ter seu nome no livro qual li, mas você poderia ter qualquer nome.

“ O que há em um simples nome? O que chamamos rosa, sob outra designação teria igual perfume.”
Shakespeare
Essa carta foi escrita mais para desperta a curiosidade de quem gosta ler para a história de Mariana Alcoforado e suas Cartas Portuguesas.
OBS: pode até parece insano, louco, mas o importante é o que se sente ao escrever.

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